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28/10/2024 - Estou perdendo 50% em uma ação, devo manter ou vender?

Investir em ações exige paciência, mas até onde essa paciência deixa de ser uma virtude e se torna uma armadilha? Para muitos, ver uma ação despencar é motivo de angústia e esperança de recuperação. Contudo, é comum que investidores mantenham ativos em queda sem considerar se o cenário econômico ainda justifica essa espera. Por exemplo, a pergunta do título veio de um leitor que adquiriu alguns IPOs em 2021 e que hoje amargam perdas de mais de 50%. Manter esses ativos seria um indício de paciência ou teimosia?

Com uma Selic elevada, o custo de manter uma ação no vermelho se torna mais pesado. Quando investimentos em renda fixa estão oferecendo retornos atraentes, manter o capital em um ativo de baixo desempenho representa um custo de oportunidade. Nesse cenário, a pergunta "vale a pena esperar?" ganha ainda mais relevância.

Há também um viés psicológico que influencia nossa decisão: o efeito da dotação. Ele faz com que valorizemos mais um ativo apenas por possuí-lo. A simples posse leva muitos investidores a resistirem à ideia de venda, mesmo quando a reavaliação racional sugere que outros investimentos são mais promissores.

Na prática, cada dia que mantemos uma ação é uma nova decisão de investimento. Quando deixamos de avaliar as condições, estamos, na verdade, transformando paciência em teimosia e perdendo de vista oportunidades mais lucrativas.

O foco precisa estar no capital, não no ativo em si. O objetivo do investidor é maximizar o retorno, e não apenas "esperar para não perder". Se um título de renda fixa oferece um retorno seguro e imediato, ou se uma nova ação tem melhores perspectivas, pode ser hora de realocar.

E a venda de um ativo em perda pode ter benefícios fiscais importantes. Realizar um prejuízo não é uma derrota. Esse prejuízo pode ser usado para compensar futuros lucros e reduzir a carga tributária, o que ajuda a recuperar parte do capital perdido. Assim, tanto faz se a recuperação será com o mesmo ativo ou com outro mais atrativo. O importante é colocar o dinheiro onde faz sentido agora.

O ideal é sempre colocar um limite de perda. Se você perde 20%, precisa ganhar 25% para apenas voltar ao ponto inicial. Entretanto, se esperar o ativo alcançar uma perde de 50%, vai precisar ganhar 100% para apenas retornar ao valor investido. Assim, a perda de 20% a 30% já deveria ser um forte alerta para avaliar sair do ativo e refletir sem o viés comportamental mencionado acima.

Investir bem exige um desapego estratégico. Se o cenário mudou e as oportunidades são mais promissoras em outro lugar, aceitar a perda e redirecionar o capital não é fraqueza, mas sim prudência. Manter o foco no capital e não no ativo é o que separa o investidor disciplinado daquele preso às emoções.

A pergunta correta não é se deve manter ou vender, mas: o que deve investir hoje com o capital que possui. Se a melhor decisão for de comprar a ação que já possui, então, mantenha. Caso contrário, invista na ação que apresenta a melhor perspectiva e venda. O único benefício que possui hoje é o prejuízo fiscal e esse, como já abordamos acima, será aproveitado não importa qual ação possuir.

Essa habilidade de desapegar-se da posse do ativo é crucial para evitar a armadilha da teimosia e construir uma estratégia de investimentos realmente eficaz.

Michael Viriato é assessor de investimentos e sócio fundador da Casa do Investidor.

FONTE: UOL

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