16/02/2024 - Bolsa e dólar sobem, com foco voltado ao mercado externo e inflação
A Bolsa e o dólar operavam em alta nesta sexta-feira (16), conforme os investidores digeriam os dados da inflação ao produtos nos Estados Unidos —indicador relevante para pesar as expectativas em torno da política monetária da maior economia do mundo. Por volta das 11h25, o Ibovespa avançava 0,21%, aos 128.084,36 pontos. A moeda norte-americana, no mesmo horário, firmava alta ante o real e subia 0,29%, cotada a R$ 4,982 na venda. Os preços ao produtor dos EUA (PPI, na sigla em inglês) aumentaram mais do que o esperado em janeiro, a 0,3%. No acumulado de 12 meses, a alta foi de 0,9%. Economistas consultados pela Reuters previam avanço de 0,1% na comparação mensal, e 0,6% na anual. Com os dados surpreendendo para cima, as incertezas a respeito do início do corte de juros dos EUA também aumentaram. Agora, as projeções para a primeira redução na taxa norte-americana estão se deslocando para junho. Até semana passada, maio era visto como mais provável, depois de um banho de água fria do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA) afastar as previsões de um corte já em março. Quanto mais tempo os juros demoram para cair nos Estados Unidos, mais o dólar tende a se beneficiar globalmente, uma vez que rendimentos altos em um mercado seguro como o norte-americano costumam desviar recursos que iriam para países emergentes —muito rentáveis, mas também mais arriscados. O dólar estava a caminho de encerrar a semana em alta de 0,50%. Até agora, em fevereiro, a moeda norte-americana acumula alta de quase 1%. Além disso, falas do vice-presidente de Supervisão do Fed, Michael Barr, são aguardadas nesta sexta. Ele deve dar pistas sobre o caminho dos juros. À tarde, Mary Daly, participante do Comitê de Política Monetária, também deve comentar sobre a macroeconomia dos EUA. Os dados também esfriavam os ganhos da Bolsa, que se afastou da máxima do dia de 128.709,10 pontos, conforme os rendimentos dos títulos do Tesouro norte-americano, os "Treasuries", subiam. O Ibovespa operava no positivo puxado pela Vale, uma das empresas de maior peso no principal índice da Bolsa brasileira. A mineradora subia 2,05%, tendo como pano de fundo a reunião do conselho administrativo que discute o controle da companhia e a venda da Vale Base Metals, na Indonésia, após negociações com o governo do país asiático. Também era destaque ações do setor de educação. Cogna e Yduqs avançavam 4,22% e 2,31%, respectivamente, após o governo federal publicar resolução que cria o Fies Social. O programa visa garantir condições especiais de acesso ao Fundo de Financiamento Estudantil por estudantes com renda familiar per capita de até meio salário-mínimo e inscritos no CadÚnico (Cadastro Único). O Ministério da Educação espera que mais de 100 mil estudantes poderão ser beneficiados pela iniciativa este ano. Braskem subia 6,65%, em meio a notícias envolvendo avanços na auditoria para venda da partição da Novonor, antiga Odebrecht. De acordo com reportagem do jornal Valor Econômico, os processos de "due diligence" (diligência devida, procedimento de investigações aprofundadas acerca de uma empresa), que correm em paralelo e são tocados por Adnoc (Empresa Nacional de Petróleo de Abu Dhabi) e Petrobras, avançaram e devem ser concluídos em até três semanas. Com isso, o processo de venda da Braskem pode ir para uma nova fase, animando os mercados. Na ponta negativa, Tim recuava, com investidores mirando lucros após altas recentes, e Petz dava continuidade à sequência de quedas. Também estava no radar as falas de autoridades da economia nacional. Em live do Bradesco Asset Management, Gabriel Galípolo, diretor de política monetária do BC (Banco Central), afirmou que a sinalização feita pelo órgão sobre cortes futuros de juros " se pagou" e deu bom resultado até o momento. A análise é que a comunicação do BC pode ter diminuído a volatilidade dos preços. Galípolo, porém, reforçou que o colegiado continua analisando os impactos da atividade econômica na inflação, além do comportamento de núcleos acompanhados de perto pela autoridade monetária. Na quinta-feira (15), o Ibovespa se valorizou 0,61%, a 127.804 pontos, impulsionado pela alta de 3,19% nas ações da Petrobras (PETR4) e por indicadores econômicos dos Estados Unidos. Os papéis da estatal acompanharam os ganhos do petróleo Brent (referência internacional). O barril fechou em alta de 1,5%, a US$ 82,86, na esteira da desvalorização do dólar no âmbito internacional. O índice DXY, que mede a força da moeda, cedeu 0,42%. Contra o real, o dólar oscilou perto da estabilidade e fechou em queda marginal de 0,07%, a R$ 4,9681, depois de ter subido para R$ 4,97 na véspera. desvalorização do dólar veio após o governo americano divulgar que as vendas do varejo no país caíram 0,8% em janeiro, mais que os 0,2% esperados por economistas consultados pela Bloomberg, na comparação com dezembro. A alta de 0,6% do mês anterior, por sua vez, foi revisada para 0,4%. Já a produção industrial americana encolheu 0,1% em janeiro ante dezembro, resultado também pior que a alta de 0,3% esperada pelos economistas. Os dados sugerem que a economia americana pode estar perdendo força, o que aliviaria a inflação e abriria caminho para o Fed (Banco Central dos EUA) cortar juros, reduzindo a atratividade da divisa americana ao mesmo tempo em que beneficiaria o crescimento da economia, reduzindo o custo do crédito. Outro dado do governo americano divulgado nesta quinta, porém, vai no caminho contrário. Na semana passada, 212 mil americanos pediram auxílio desemprego, 8.000 a menos que na semana anterior. Economistas esperavam a manutenção no ritmo dos pedidos em 220 mil. O número indica que o mercado de trabalho nos EUA continua resiliente, o que tende a fortalecer os preços, já que o poder de consumo segue forte. Juros mais baixos nas economias avançadas tendem a elevar a atratividade de moedas de países emergentes, que, embora sejam mais arriscados, também costumam ser mais rentáveis. No entanto, ao contrário da Europa, os Estados Unidos têm mostrado resiliência econômica, o que deixa operadores na expectativa por mais dados americanos. Em Wall Street, o viés foi positivo. O S&P 500 subiu 0,58% e renovou seu recorde de pontuação, a 5.030 pontos. O Dow Jones teve ganhos de 0,91% de o Nasdaq, de 0,30%.
FONTE:
UOL