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23/11/2023 - 50% dos investimentos de petroleiras devem ser em renováveis

"Contribuir para a crise climática" ou ser "parte da solução"? A indústria do petróleo e do gás deve tomar "decisões difíceis agora" para acelerar a transição energética, advertiu a Agência Internacional de Energia (AIE), nesta quinta-feira (23). O setor deve dedicar 50% dos seus investimentos em projetos de energia limpa até 2030, defendeu o organismo, a uma semana do início da COP28, em Dubai.

Em um relatório especial dedicado ao papel do setor do petróleo e do gás no corrida pela neutralidade de carbono em 2050, a agência destacou que o setor precisa "escolher entre contribuir para o agravamento da crise climática ou fazer parte da solução, adotando o caminho das energias limpas".

No documento, revelado em um evento na sede da OCDE, em Paris, os especialistas da AIE descrevem o que essas empresas devem fazer para alinhar as suas atividades com o objetivo mais ambicioso do Acordo de Paris, limitar o aquecimento global a +1,5°C desde a era pré-industrial.

O desafio é imenso: em 2022, a indústria do petróleo e do gás investiu cerca de US$ 20 mil bilhões em energias limpas - apenas 2,5% do seu gasto total de investimentos, conforme a agência. O estudo é revelado uma semana antes da abertura da 28.ª Conferência do Clima da ONU (COP28), em Dubai, onde se espera que os países travem uma batalha sobre o futuro dos combustíveis fósseis.

Para cumprir o Acordo de Paris, os produtores devem dedicar 50% dos seus custos de investimento a projetos de energia limpa até 2030, além dos valores necessários para reduzir as suas próprias emissões, provenientes das operações de petróleo e gás.

"A indústria do petróleo e do gás enfrenta a hora da verdade na COP28, em Dubai", resumiu Fatih Birol, diretor-executivo da AIE, na apresentação deste relatório.

Mudança radical

Para alcançar a neutralidade de carbono em 2050, condição para manter a meta de 1,5°C dentro do alcance, a agência avalia que o consumo de petróleo e gás deverá diminuir mais de 75% neste horizonte, o que implica uma expansão considerável das energias renováveis. Neste cenário, "a queda na procura é suficientemente forte para que não sejam necessários novos projetos convencionais de petróleo ou gás a longo prazo", ressaltou o organismo, repetindo uma das suas recomendações de 2021.

Novas janelas de oportunidades abrem-se, portanto, para o setor, mas isso exige "uma mudança radical na forma" como "aloca os seus recursos financeiros". Estas empresas duplicaram os seus investimentos em energias limpas em 2022, mas estes representam apenas 1,2% do total dos investimentos globais a favor da descarbonização.

Além disso, 60% dos valores negociados dependem de apenas quatro "grandes" (Equinor, TotalEnergies, Shell, BP), que dedicaram, cada uma, cerca de "15-25%" dos seus investimentos à transição energética.

Os apelos da AIE não se limitam a gigantes petroleiras privadas, que representam menos de 13% da produção e reservas globais de gás e petróleo. Visa também empresas nacionais detidas total ou parcialmente pelos Estados.

Conforme Fatih Birol, a batalha climática envolve, ainda, "livrar-se da ilusão de que quantidades elevadas de carbono capturado serão a solução", num momento em que crescem as críticas a estas tecnologias que prometem extrair CO? da atmosfera e armazená-lo de forma sustentável.

Para a AIE, as empresas deveriam, acima de tudo, limpar as suas atividades para poderem reduzir as emissões das suas próprias operações em 60% até 2030. A agência dá especial ênfase às estratégias de redução das emissões de metano - metade das emissões operacionais do setor -, que poderiam ser "obtidas a baixo custo".

A produção, o transporte e o processamento de petróleo e gás causam quase 15% das emissões globais relacionadas com a energia, sendo o restante proveniente da combustão destas energias em automóveis ou no aquecimento.

Desafios para a COP28

Com uma participação inédita, a COP28 será inaugurada em uma semana nos Emirados Árabes Unidos, tendo na agenda duas grandes batalhas, sobre o financiamento e o futuro das energias fósseis. O papa Francisco e o rei Charles III são aguardados em Dubai, entre pelo menos 140 de chefes de Estado e de Governo, ministros, representantes de ONGs, empresários, lobistas, jornalistas.

Mais de 70 mil visitantes credenciados, um número inédito, são aguardados entre 30 de novembro e 12 de novembro, no grande encontro da comunidade internacional para debater o clima, sob a égide das Nações Unidas.

As negociações, tendo como pano de fundo as tensões internacionais, serão celebradas no emirado petrolífero de Dubai, o que alguns ambientalistas consideram uma provocação, mas outros observadores avaliam como uma oportunidade para, enfim, falar concretamente sobre as energias fósseis. O presidente da COP28, Sultan Al Jaber, também diretor-executivo da companhia petrolífera emiradense, Adnoc, encarna estas contradições.

"As pessoas que me acusam de conflito de interesses não conhecem minha trajetória", respondeu ele à AFP em julho, lembrando ter sido, em 2006, o primeiro presidente da Masdar, que se tornou uma gigante das energias renováveis.

Uma das decisões mais aguardadas na COP28 deve ser o primeiro "balanço" do Acordo de Paris sobre o clima, de 2015. Um relatório técnico, publicado no início de setembro, constatou, sem surpresas, uma ação muito insuficiente até agora e pôs sobre a mesa a questão das energias fósseis.

Dezenas de países desejam que conste no documento um apelo explícito a reduzir o uso dessas fontes altamente prejudiciais ao planeta - algo nenhuma COP nunca conseguiu. O carvão só foi mencionado pela primeira vez em 2021, durante a COP26, em Glasgow. Este ano, a expectativa é quanto a um eventual calendário de saída das fósseis ou o espaço dado a tecnologias controversas de captura e armazenamento de carbono.

Ano mais quente da História

A recente declaração comum de Estados Unidos e China parece indicar um movimento de Pequim no sentido de um balanço ambicioso, voltado para os esforços a realizar. Resta saber como a Índia e outros países e desenvolvimento vão se posicionar.

Enquanto isso, o mundo deve registrar em 2023 o ano mais quente da História, uma desregulação climática que produz incêndios, inundações e outras catástrofes. Os compromissos atuais dos países estão longe de serem suficientes, colocando o mundo na trajetória perigosa de um aquecimento de 2,5° a 2,9°C no curso deste século, segundo estimativas da ONU divulgadas recentemente.

Outro relatório das Nações Unidas, publicado em meados de novembro, concluiu que os compromissos nacionais atuais reduziriam em 2% as emissões entre 2019 e 2030, ao invés de uma preconizada diminuição de 43% a fim de limitar o aquecimento global a 1,5°C em relação ao período pré-industrial.

FONTE: UOL

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