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05/06/2018 - Tarifas de Trump devem provocar caos no mercado internacional

Ainda que não afetem diretamente o Brasil (pelo menos não mais do que já havia sido anunciado), as tarifas impostas ao aço e alumínio importados pelos Estados Unidos respingam pelo mundo e criam perturbação dos mercados internacionais –inclusive em terras brasileiras.

“Vai ser um caos, uma turbulência que não vai desaparecer tão cedo”, diz à Folha a economista Monica de Bolle, pesquisadora do Peterson Institute.

Na última semana, o presidente Donald Trump anunciou a taxação da União Europeia, México e Canadá. Eles estão entre os principais parceiros comerciais dos americanos e os maiores fornecedores de aço e alumínio ao país, que terão sobretaxa de 25% e 10%, respectivamente.

Em retaliação, o México anunciou nesta terça-feira (5) que vai impor tarifas de 15% a 25% sobre produtos siderúrgicos americanos e alguns itens agrícolas.

O recrudescimento das tensões comerciais, aliado a dados robustos da economia dos EUA divulgados na sexta-feira (1º) e nesta terça, afetou as moedas emergentes. O peso mexicano se desvaloriza 1,76% ante o dólar, enquanto o rand sul-africano perde 1,4%, e o real, 1,21%. O dólar canadense recua 0,38%.

O Brasil escapou da alíquota do aço, ao receber a imposição de cotas no mês passado, e preferiu aceitar a do alumínio, considerada menos nociva à indústria do que eventuais cotas.

Mas os efeitos do anúncio para a economia brasileira estão longe de ser positivos, em especial pela grandiosidade dos mercados envolvidos. Europa, Canadá e México são responsáveis por quase metade das importações americanas de aço e alumínio.

Uma das consequências será no próprio setor siderúrgico: com as alíquotas, o excedente desses insumos terá que ir para algum lugar, o que deve desequilibrar o mercado internacional e gerar desvios de comércio. Ao final, isso irá aumentar a competição com o aço e alumínio brasileiros em outros países, inclusive em nível doméstico.

"Bagunçou completamente”, diz Milton Rego, presidente da Associação Brasileira do Alumínio. “É uma grande produção que está buscando mercado, e pode vir parar aqui.”

Para Marco Polo de Mello Lopes, que dirige o Instituto Aço Brasil, a indústria vai precisar de defesa comercial, em especial de práticas predatórias, como da China –cuja participação nas importações siderúrgicas brasileiras aumentou de 1,5% para 40% nos últimos 15 anos. 

"Ninguém tem um crescimento desse por obra do espírito santo. Isso é porque tem prática predatória, subsídio”, diz Lopes.

O anúncio de Trump também deve impactar o desempenho da economia mundial, especialmente em caso de guerra comercial.

Europeus, canadenses e mexicanos já anunciaram retaliações pesadas contra os EUA, que incluem tarifas de até 25% sobre uísque, suco de laranja, carne de porco, motos Harley Davidson e até ketchup. Além disso, acionaram a OMC (Organização Mundial do Comércio), argumentando que as medidas foram unilaterais e contrariam as regras da entidade.

“É um ingrediente a mais no já turbulento mercado internacional”, afirma Lopes.

Algumas das tarifas podem abrir mercado para exportadores brasileiros, como o de carne suína no México. Mas a expectativa é que os preços desses insumos subam em nível global, e as incertezas provoquem uma redução de investimentos, principalmente em economias emergentes como o Brasil.

“Os investidores internacionais estão mais avessos a incertezas. Esse tipo de coisa tende a acentuar a aversão. E isso acaba evidentemente afetando o Brasil”, comenta Bolle. 

Para ela, o grande problema é que a equipe econômica de Trump não entende o comércio internacional como uma rede complexa de interações, mas como uma relação de compra e venda –na qual quem vende mais, ganha. 

Uma das obsessões do americano, por exemplo, é reduzir o déficit comercial dos EUA, a que ele atribui a perda de competitividade e empregos no país. As tarifas são parte dessa estratégia.

“Isso não existe”, diz Bolle. “Uma relação de compra e venda não tem nada de particularmente bom ou ruim. Se você comprou um apartamento, não significa que a construtora tenha se dado bem às suas custas.”

As alíquotas e cotas ao aço e alumínio começaram a valer na última sexta (1º). Já as retaliações anunciadas por Europa, México e Canadá devem entrar em vigor paulatinamente até julho –isso se não houver novas negociações e acordos até lá.

FONTE: UOL

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